MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
zé mulato & cassiano - carro de boi
Tarde da vida quando se amontoa os anos
debruçado em desenganos da minha desilusão,
fico espiando da janela do presente
retalhos de antigamente que me dói como ferrão.
Vai boi penacho, puxa o carro boi carreiro
companheiro de viagem nas quebradas do sertão,
leva essa carga, rasga o barro do caminho
se couber leva um pouquinho de mágoa desse peão.
Peão que chora quando vê o sol baixando
e um carro de boi cantando seu gemido de paixão,
sai num suspiro meu gemido solitário
e desfia o meu rosário em contas de solidão.
Sou um carreiro vencido pelo cansaço
mas me lembro do chumaço, da chaveia e dos cocão
eixo e fueiro, cabeçalho, cheda e mesa
velho tempo de riqueza que virou recordação.
Ainda me lembro recavem e o pigarro
cunha na roda do carro, cambota, arreia e meião,
chapa esse cravo, canzil, brocha e tamboeiro
o ajoujo, a tiradeira, argola, canga e cambão.
Vai boi Penacho puxa o carro e vai embora
já venceu a minha hora, terminou minha missão,
leva essa carga de tristeza que me invade
se couber leva a saudade que me aperta o coração
Vai boi Penacho puxa o carro boi Carreiro
companheiro de viagem nas quebradas do sertão,
leva essa carga rasga o barro do caminho
se couber leva um pouquinho da mágoa desse peão.
By: Daniel Martins
zé mulato & cassiano - revolta
Um pranto triste de homem,
Nenhuma mulher merece,
Quanto mais agente faz por amor,
Menos ela agradece,
Se encontrar uma mulher a chorar,
Faça de tudo pra não se envolver,
Se der a ela o seu coração,
Ã? certo que irá sofrer,
Eu chorei tanto por uma,
Que eu encontrei a chorar,
Me comoveu com seu rosto em pranto,
Pronto pra me apunhalar,
Choro de mulher é arma,
Raramente é sentimento,
Hoje carrego comigo,
Só cicatrizes por dentro,
Não quero dizer com isso,
Que o amor não existe,
Mas a mulher quando ama, faz tudo,
Pra não ver o homem triste,
Mas quase sempre,
Seu maior prazer,
Ã? ver um homem que chora e padece,
Por tanto o pranto sincero de homem,
Nenhuma mulher merece,
Eu chorei tanto por uma,
Que eu encontrei a chorar,
Me comoveu com seu rosto em pranto,
Pronto pra me apunhalar,
Choro de mulher é arma,
Raramente é sentimento,
Hoje carrego comigo,
Só cicatrizes por dentro,
zé mulato & cassiano - poesia não se vende
Poesia não se vende
Então não fale em dinheiro
Não sei se cantar é sina
E nem de que sou herdeiro
Mais meu destino é cantar
Fazer poesia simplória
Semelhante aos passarinhos
Só cantar é minha glória
Não sei quem foi o poeta
Que com um nó na garganta
Disse um dia apaixonado
Quem canta seu mal espanta
Vivo distante da fama
Nem preciso muito dela
Simples como a flor do campo
Eu levo essa vida tão bela
Cantando coisas tão simples
Tento fazer minha história
Sentimentos e paixões
Povoam minha memória
Mais nenhum deles conseguem
Me roubar a alegria
Se alguma mágoa me amola
Eu transformo em cantoria
Não sei quem foi o poeta
Que com um nó na garganta
Disse um dia apaixonado
Quem canta seu mal espanta
Vivo distante da fama
Nem preciso muito dela
Simples como a flor do campo
Eu levo essa vida tão bela
Todo dia peço a deus
Que me permita seguir
Levando ao meu semelhante
A vontade de sair
E se não for pedir demais
Deixe que eu morra cantando
Quero despedir sorrindo
Porque já nasci sorrindo
Não sei quem foi o poeta
Que com um nó na garganta
Disse um dia apaixonado
Quem canta seu mal espanta
Vivo distante da fama
Nem preciso muito dela
Simples como a flor do campo
Eu levo essa vida tão bela
zé mulato & cassiano - sertanejo solitário
Eu moro num canto triste
Onde o rio faz um remanso
Toda tarde eu penso a vida
No terreiro do meu rancho
Olhando lá no banhado
Jaburu parece ganso
Cadorna pia macio
E a perdiz pia de avanço, ai
A saudade me aperta
Desde a hora em que eu levanto
Desse pobre coração
O suspiro sai de arranco
Quando me aperta a nervosa
Choro mesmo, falo franco
Tenho fé de ser feliz
Estou sofrendo por enquanto, ai
Quando queima a camparia
Forma um fumaceiro branco
Onde vem as andorinhas
Pro verão de canto a canto
Estas andorinhas pardas
Que faz ninho no barranco
Eu divido uma flor roxa
No brilhar de um pirilampo, ai
O que mais me aborrece
Ã? quando floresce os campos
Encosto a velha canoa
Amarrada num barranco
Fico na porta do rancho
Sentadinho no meu banco
Passo a mão de vez em quando
Nesses meus cabelos branco, ai
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé mulato & cassiano - proparoesquisítono
Eu fiz esta moda meio esquisofrênica
Só porquê me chamaram de quadrilátero
Dizem que eu canto moda da idade milênica
E que os meus versos já estão reomáticos
Eu não ligo pra comentarios ironícos
Quem fala é porque que tem problemas psíquicos
No braço da viola provo,sou biônico
Não sou eu que digo é a opinião dos críticos
Ser imitador eu até acho válido
Mas falar dos colegas não é bem simpático
Cuida do seu nome que está muito pálido
Deixa minha vida e não seja fanático
Eu quero acabar com violeiro monótono
Um desafinado eu conheço à quilômetro
Que arreganha a boca igual a um ipopótamo
enjôa e não tem se-mancômetro
Eu já derrotei violeiro satânico
Que num disafio era diabólico
E para apazuguar este encontro titânico
Gastou um exorcista e um chefe católico
Até parecia um combate germânico
E o resultado foi mesmo caótico
Ele desandou o sistema orgânico
Sujou na viola e acabou neurótico
zé mulato & cassiano - sertão ainda É sertão
Um gadinho curraleiro
Pastando lá no varjão
Lá na vazante do rio
Roça de arroz e feijão
O meeiro tá contente
Com o viço da plantação
Ora canta, ora assovia
O trecho de uma canção
Também fico embevecido,
Pois nem tudo está perdido
Sertão ainda é sertão
Passarada ainda canta
Curió, corrupião,
Trinca-ferro, tangará
Sabiá, saracurão
Assanhaço faz regência
Canta no pé de mamão
Na capoeira fechada
Canta o príncipe azulão
O canto de uma perdiz
Me faz suspirar feliz
Sertão ainda é sertão
Nosso sertão sobrevive
Apesar da agressão
Da ganância dos humanos
Que destrói o nosso chão
Mas cá onde a motosserra
E o trator nunca virão
Não tendo ouro nem prata
Que a meu ver é perdição
Aqui a mãe natureza
Renova a sua beleza
Sertão ainda é sertão
Aqui no meu pé de serra
Finquei o meu coração
Os esteios fiz de paz
Pus poesia no eitão
Os baldrames pura fé
E os barrotes de ilusão
Cobri tudo de esperança
E desafio a solidão
Neste mundão de meus Deus
Vou vivendo os dias meus
Sertão ainda é sertão
zé mulato & cassiano - viva quem ama
Que morena tão bonita
Do rostinho encantador
Cabelos preto ondulados
E olhos negros matador
Tua boquinha é pequena
Parece um botão em flor
Onde eu quero dar um dia
Um longo beijo de amor
Desde o dia em que eu te vi
Me tornei um sofredor
Meu coração não resiste
Tanta pancada de dor
Mas se um dia eu conseguir
Conquistar o seu amor
Quero cair nos seus braços
Como o sereno na flor
Eu vou lhe mandar uma carta
Por um lindo beija-flor
Contando minhas notícias
E onde eu sou morador
Esse cuitelo mimoso
Vai ser nosso portador
Que vai levar a você
Minha mensagem de amor
O fogo quando se apaga
Na cinza fica o calor
Dois amor quando se aparta
No coração fica a dor
A perdiz anda no campo
Descalça pisando em flor
Dizendo, viva quem ama
Morra quem não tem amor
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé mulato & cassiano - o drama da dieta
("- Ê cumpadi, cumé que vai?
Bão sô!
Uai o sinhor tá assim cum tipo mió
É!
Mais corado né cumpadi?
É!
Andô emagrecendo parece, arguma dieta cumpadi?
Ê, ê cumpadi, esse trem é um drama
É um drama
Tem pelejado, tem luitado, cumpadi
Sunta a história pro sinhor vê!
É, vamo vê")Eu andava muito már me sentindo na pior
Pesado que nem uma anta e a barriga de lobó
("Iguar uma lobera")
Do pescoço inté as viria era uma bambeza só
A pressão subia e o trem descia que eu podia inté dá um nó ("Só a imbira")
Já imaginei, tô é no anzó
Se eu não me cuidar perco o meu xodó
("- Ê, perder o xodó é mei ruim, hem cumpadi?
Ô miséria, aí é que cumeça a anarquia cumpadi")
Eu percurei um dotor, um tratador dos mió
Um indocrinologista que me indicô Zé Arigó
("É verdade! ")
O homem era competente, já foi rasgando o filó
O dotor barbicha assim meio bicha
Leu minha ficha sem trololó
("Chibungo! ")
É triglicerídio e colesterór, se não se cuidar, ocê vai pro pó
("- Ê cumpadi, mais o dotor cabo com ocê uai
Num gostei bem do pintiado desse médico não, cumpadi")
Fez o encaminhamento pra Clínica Mossoró
A mardita nutrição, consurta cara que só
Uma dotora amarela, magrela que nem um socó
A nutricionista era sadista olhou na lista e falou sem dó
Nada de rabada, nem mocotó, se não comer nada ainda é mió
("- Ê mardita, miserave
Parece uma graia a miserave")
Eu topei o desafio já me sentindo um bocó
De tanto comer só foia pensei, vou virá um mocó
(" É coitadinho! ")
De comer couve e serraia, oraponobe e gondó
Era iguar um grilo comendo aquilo
Achava três quilo, perdia um só
Um espixa encói que virou uma zona
Iguar sanfona nargum forró
("- Difici hem cumpadi?
Ingorda, imagrece, emagrece, ingorda, hum!
É! ")
Vortei foi lá pro sertão, pro fundo do brocotó
Ouvindo o canto manhoso da perdiz e do jaó
Trabaiando no machado, na enxada foice e inchó
A obesidade é mar da cidade, a ociosidade mata um coió
Maiação sadia é perder suor na academia dos cafundó
("- É verdade pra ir o trem é serio memo
Imagrece ô intonce morre, cumpadi
É verdade. Ê mais é um trem cumplicado
é a tar da dieta cumpadi
Cruiz credo rapaz, primeiro nóis passava fome
que num tinha o que cumê
Depois arranja o que cumê
tem que passá fome pra imagrecê
Cê vê que trem dos mais esquisito, né cumpadi?
Num tem base um trem desse não uai
ê trem difici é o tár do emagrecimento
Cruiz credo!
É, vamo pra roça gente, que o trem lá funciona")
zé mulato & cassiano - caçador
Vida do caçador é um viver gozado,
Naquele sertão, pra quem é inclinado,
anta e cateto, tem pra todo lado.
Naquelas matanhas, lugar cultivado
Se vê ta trançando de rasto de viado.
Domingo e dia santo eu fico animado
Eu trelo os cachorro e apronto o virado
E toco a buzina, dou um repicado
É cachorro que urra, na trela amarrado.
Eu saio cedinho, bem de madrugada
Vejo o rasto fresco, na terra molhada
Eu solto os cachorro, eu vou pra cilada
A minha espingarda, já está preparada
Com bucha de cera, e bem carregada
Escuto e saio, é a cachorrada
O bicho levanta, vem na disparada
Mateiro amarelo, no pular da estrada
Eu atiro e ele cai, de perna virada.
A buzina é metal, do bocal arcado
Patrona de couro, do tigre pintado
Espingarda vinte e oito, do cano trochado
Facão jacaré, bem embainhado
Cavalo pitiço, hoje vai pesado
Tenho no arreio, dois pinto engraxado
Ponho um na garupa bem atravessado
O pitiço trais o mateiro amarrado
Vem pingando sangue, onde foi chumbado
Eu toco a buzina, chamo a cachorrada, ai, ai,
Chega de um em um, é o final da caçada, ai,ai.
zé mulato & cassiano - hitória de vaqueiros
Mais foi tanto dos vaquêro qui rénô no meu sertão
qui cantano um dia intêro num menajo todos não
João Silva do Ri-das-Conta Antenoro do Gavião
Bragadá lá das Treis Ponta Tiquiano do Rumão
ranca tôco ribadêro matadô de lubião
turuna qui laça frechêro nos iscuro pelas mão
mermo cantano um dia intêro num menajo todos não
Certa feita vô contá só um feito desse vaquêro
foi chamado pra pegá um levantado marruêro
Morada Velha do Olivêra Lagoa do Pancadão
Tiquiano foi só cum a pitéra a Ri-de-Conta e sem gibão
méa noite e lua e um quilarão
Pontô o bicho na bibida vino do fundo da mata
na lagoa de pureza feito u'a bacia de prata
qui buniteza nessa hora só lamento nun tá lá
e sem mais demora Tiquiano gritô: vem bichão vem cá!
riscô um tufão feito um raiá
Já cum bicho bem pegado ma ponta do pau-de-ferro
pelos mistero da hora in qui num pode havê êrro
o incapetado lubisomi 'stremeceu soltô truvão
já tava intregano ao bicho home as alma nas palma das mão
faca na venta e sangue no chão e a lua oumenta o quilarão
faca na venta e boi no chão
As Guariba é um cruzamento in toda tarde de dumingo
hai um grande ajuntamento de muita gente e malungo
moça bunita perdedéra Bragadá sua perdição
boi das arma branca cara preta catravo de pé e mão
fera sturrano cavava o chão surucucú de dois ferrão
malvado e brabo pegô Juão
Derna o tempo de minino fazia pur brincadêra
pegá bicho remeteno de mão pilunga ô pitêra
dentra da venda in descursão entrô os vaquêro de lá
pruns olhos bunito cum ferrão pulô a cerca Bragadá
a noite intéra bebeu dançô na brincadêra no Tomba virô
moça bunita laço de amô
Pelo triz de um momento da peleja in certa altura
viu nos olhos da morena ispelhada u'a mancha iscura
faca na venta o boi morreno Bragadá caiu no chão
cum o vazí rasgado 'stremeceno parava o saingue c'as
mão
amô nun sei pru modi quê facilitei olhei você
foi pur teus olhos pur a fulô pegava o boi boi me pegô
é dura a sorte do pegadô morrê da morte chifrada amô
mermo cantano um dia intêro num menajo todos não
mermo cantano um dia intêro nun menajo meus irmão...
zé mulato & cassiano - a face da moeda
Vou matar essa jogada
Não vou dar o xeque-mate
Nossa próxima moeda
Vai se chamar nocaute
No ringue da economia
Brasileiro perde feio
O pobre vai aprumando
Vem o rico e desce o rio
O remédio que nos dão
Ã? pior que o veneno
Apanhar e passar fome
Pra nós é café pequeno
Mudando nossa moeda
Só vai perdendo terreno
Nós entramos numa luta
Inimigo é a inflação
O Brasil subiu no ringue
Mobilizou a nação
Mas já no primeiro ronde
Nós levamos um cruzado
O Brasil tremeu na base
Quase cai estatelado
Levantou à duras penas
Quase foi nocauteado
Cada um que chega muda
O regimento da luta
Muda a face da moeda
E o povo fica biruta
O Brasil ainda zonzo
Levou um cruzado novo
Dessa vez sentiu o golpe
Disse, agora eu resolvo
Levantou mais uma vez
Com sacrifício do povo
Só estou registrando a história
Não quero ofender ninguém
Nosso povo é soberano
Igual no mundo não tem
Veio de novo o cruzeiro
RV e coisa e tal
Até que me parecia
Que acertavam, afinal
Nós vamos vencer a luta
Já caímos na real
Vou matar essa jogada
Não vou dar o xeque-mate
Se vier outra moeda
Irá se chamar nocaute
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé mulato & cassiano - palco da vida
Este nosso mundo é um grande teatro
Onde vão passando as cenas da vida
Cenas de alegria e de sofrimentos
De tristes lamentos da luta imperdida
Alguns há que seguem um reto caminho
Outros só espinhos seguindo sua lida
Um morre outro nasce, um ri outro chora
Tudo isso no mundo são cenas vividas
Aqui ninguém sabe nem foi descoberto
O caminho certo do nosso viver
Não sei, ninguém sabe de onde vivemos
Nem pra onde iremos depois que morrer
Nascemos, crescemos assim nesse engano
E vamos levando a vida sem saber
Até que um dia nos chegue a sorte
Ou então a morte para não sofrer
Muitos ficam tristes e se desatinam
Sem saber o destino aqui nesse mundo
Não devem pensar, é o que imagino
Porque o destino é um mistério profundo
Só Deus é quem pode isso compreender
Razão e porque nosso mundo é assim
Um rico demais, outros passam fome
Mas rico ou pobre tudo teu sem fim
Seguimos no mundo sem saber o futuro
Num caminho escuro e cheio de enganos
Pra mim esta vida está muito boa
Outros maldiçoam, vivem lamentando
Enfrentem com calma a luta da vida
Que é refletida no seu desatino
Conheça de perto a realidade
Só Deus é quem sabe do nosso destino
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé mulato & cassiano - quem cria cobra
Seu Juarez Bernardino
Um fazendeiro afamado
Criou um filho sem mãe
Que encontrou abandonado
Dizia para o menino
Vai ser depois de erado
Jagunço de confiança
Pra guardar o meu costado
Amor é pra gente fraca
Eu mando e você ataca
Quem não for do meu agrado
Criou conhecendo ódio
Sem conhecer a justiça
Sem coragem pro trabalho
Matava sem ter preguiça
E era bem mais traiçoeiro
Que areia movediça
O fazendeiro dizia
Comigo ninguém inguiça
Se alguém lhe desagradava
Pro bandido ele apontava
E o coitado era carniça
Dizem que o avarento
Ã? como saco furado
O homem já milionário
Quase dono do estado
Mas queria a fazenda
De um sujeito endinheirado
Pra conseguir sem trabalho
Ele estava acostumado
Deu dez conto ao cangaceiro
Disse, vai ter mais dinheiro
Se consumir o Fajado
O seu Fajado estava
Na maior tranquilidade
Quando chegou o bandido
Carregado de maldade
Dizendo, vim lhe matar
Mas não é por vaidade
Ã? o que o meu padrinho quer
A fazenda Piedade
E pra lhe juntar os pés
Me deu dez conto de réis
Pode rezar a vontade
O seu Fajado tremeu
Mas pensou com precisão
Esse homem por dinheiro
Ele mata o próprio irmão
Disse, lhe dou mais cinquenta
Pra ir matar seu patrão
Mas terá o pagamento
Depois dele no caixão
Ele era mesmo mesquinho
Pois foi matar seu padrinho
Sem nenhuma compaixão
Quem cria um urutu, ai
Por mais que seja domada, ai, ai
Que seja cedo ou mais tarde
Acaba sendo picado, ai, ai, ai, ai
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
zé mulato & cassiano - previsão do tempo
Meu compadre, esse ano
A chuva chega mais cedo
Tô vendo certos sinais
Para mim não é segredo
Sabiá canta na seca
Sempre no mesmo arvoredo
Razão para prevenir-me
Guariba moendo firme
E arrodeando o rochedoA formiga cortadeira
Que a gente chama saúva
Fazer formigueiro novo
É forte sinal de chuva
Fora da beira do córgo
Do lado fraco da curva
Numa elevação sequinha
Fica o ninho da rainha
Que lhe cai como uma luva
João-de-barro faz a casa
Com a porta para o norte
É sinal que vem do sul
A tempestade mais forte
Constrói a parte de trás
Com barro de fazer pote
Pronto para resistir
Pra chuva não invadir
E matar o seus filhotes
Vamos ter chuva abundante
Aprepare a plantadeira
Plante arroz fora da margem
Pra evitar a corredeira
Guaxo tá fazendo ninho
Bem alto na gameleira
Não é previsão de louco
Que o rio vai banhar coco
Lá fora na capoeira
Rapadura no jirau
Toucinho bem protegido
No ponto certo do sal
De páia bem revestido
Ribeirão pode bufar
Chuva não vai apertar
Um caboclo prevenido
zé mulato & cassiano - profecia
Eu tenho é reclamação
Das muié de hoje em dia
Tem muita muié casada
Ligeira na mestranciaAprendendo nas novelas
Que só mostra porcaria
Pula a cerca do mangueiro
E some na camparia
E se o marido, coitado
Der só um pulinho errado
Ela já tá de bote armado
Que nem cobra na rudia
Quando ela sai com o marido
Cuja única serventia
É só servir de fachada
Pras suas estripulia
Enquanto ele joga um truco
Hora zape, hora espadia
Ela junta com as amiga
Na completa culundria
Chega uma pinga no trouxa
Suspende a saia pra coxa
E já aparece a vaca roxa
Misturada com as nuvia
Tenho sodade é do tempo
Que o cipó ainda valia
Quando a muié tretava
Que o marido descobria
Cortava um cipó São João
E logo a guasca comia
Quatro ou cinco lambada
Ela já pegava a tria
Hoje basta ter vontade
Que é chamado de covarde
Deixa a muié à vontade
Dorme na delegacia
Esse mundo vai findar
Iguar o meu vô dizia
Que haverá de vim um tempo
De virá tudo anarquia
Das muié mandá nos home
Montada na valentia
Por isto é que eu não casei
De pura veiacaria
Sozinho no meu cantinho
Eu aprendi viver sozinho
Vendo a barba do vizinho
Da maneira como ardia
Cds zé mulato & cassiano á Venda