rock de galpão - canto alegretense
Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do teu proprio coração
cruzaras pela estrada ao longenete
e ouvirás toque de gaita e de violão
pra quem chega de rosário ao fim da tarde
ou quem vem de uruguaiana de manhã
tem o sol como uma brasa que ainda arde
mergulhado no rio ibirapuitã
houve um canto gauchesco e brasileiro
desta terra que eu amei desde guri
flor de tuna, cauatinga e mel campeiro
pedra moura das quebradas do iandui (2x)
E na hora verdadeira que eu mereça
ver o sol Alegretense entardecer
como os potros vou virar minha cabeça
para os pardos no momento de morrer
e nos olhos vou levar o encantamento
dessa terra que eu amei com devoção
cada verso que eu componho é um pagamento
de uma divida de amor e gratidão
houve um canto gauchesco e brasileiro
desta terra que eu amei desde guri
flor de tuna, cauatinga e mel campeiro
pedra moura das quebradas do iandui (2x)
"é isso aí moçada, esse é o canto alegretense dos fagundes"
rock de galpão - era uma vez
Era uma vez um potrinho baio
Era uma vez um negrinho só
Quando o potrinho fez-se potro o negrinho
Continuou pequenininho, e cada vez mais só
Foi uma vez uma carreira grande
O corredor era o negrinho só
Um baio raio tropeçou na raia
Libras de ouro se fizeram pó, e o negrinho só
Acenda velas quem não sabe o resto
Da velha história que eu cortei ao meio
E ao pé da vela deixe fumo em rama
Para o negrinho do pastoreio
Galopa, Â?lope, galopa
Cavalo de assombração
Baio raio pêlo de lua
Risca, xispa na escuridão
Vai o casco, fica o rastro
Passa um vulto, fica o susto
Quem viu, duvida que viu
Quem pensa que viu, não viu
Quem viu, duvida que viu
Quem pensa que viu, não viu
Galopa, Â?lope, galopa
Cavalo de assombração
Baio raio pêlo de lua
Risca, xispa na escuridão
Baio raio pêlo de lua
Risca, xispa na escuridão
Baio raio pêlo de lua
rock de galpão - desgarrados
Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam causos, polindo esporas
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
rock de galpão - bochincho
A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirera.
Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.
No rancho de santa-fé,
De pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé,
No ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro,
Num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!
Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça,
Morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina,
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina.
Misto de diaba e de santa,
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!
A gaita velha gemia,
Ás vezes quase parava,
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia
Daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno,
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!
Mas o que é bom se termina
- Cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado,
Nos braços doces da china
Escutei - de relancina,
Uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho,
Meio oitavado num canto,
Que me olhava - com espanto,
Mais sério do que um capincho!
E foi ele que se veio,
Pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga,
Chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco!
Que sou de São Luiz Gonzaga!
Meio na volta do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço
E o calor do aço arde,
Me levantei - sem alarde,
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!
Tenho visto coisa feia,
Tenho visto judiaria,
Mas ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia,
Talvez quem ouça - não creia,
Mas vi brotar no pescoço,
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!
O índio era um índio touro,
Mas até touro se ajoelha,
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro,
Daqueles que dava medo,
Espantou-se o chinaredo
E amigos - foi uma zoada,
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo!
Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho - quando estoura,
Tinidos de adaga - espora
E gritos de desacato.
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento,
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!
É china que se escabela,
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela,
Gritando - de toda guela,
Num berreiro alucinante,
Índio que não se garante,
Vendo sangue - se apavora
E se manda - campo fora,
Levando tudo por diante!
Sou crente na divindade,
Morro quando Deus quiser,
Mas amigos - se eu disser,
Até periga a verdade,
Naquela barbaridade,
De chínaredo fugindo,
De grito e bala zunindo,
O gaiteiro - alheio a tudo,
Tocava um xote clinudo,
Já quase meio dormindo!
E a coisa ia indo assim,
Balanceei a situação,
- Já quase sem munição,
Todos atirando em mim.
Qual ia ser o meu fim,
Me dei conta - de repente,
Não vou ficar pra semente,
Mas gosto de andar no mundo,
Me esperavam na do fundo,
Saí na Porta da frente...
E dali ganhei o mato,
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato,
Me bandeei pra o outro lado,
Cruzei o Uruguai, a nado,
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!
E a china? - essa pergunta me é feita
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo,
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!
E a china - eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo,
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi.
Talvez ande - por aí,
No rodeio das alçadas,
Ou - talvez - nas madrugadas,
Seja uma estrela chirua
Dessas - que se banha nua
No espelho das aguadas!
rock de galpão - castelhana
Hoje me vou pra fronteira
pôs queira ou não queira vou ver meu amor
esperei toda a semana pra ver a castelhana minha linda flor
ta frio na minha cidade
a bem na verdade está frio de mais
ao sul do meu coração
quero tempo bom só você me traz
ao sul do meu coração só você me traz
quero tempo bom só você me traz
larga tudo e vem comigo
vamo encarar o perigo
larga tudo e vem comigo
vamo encarar o perigo
castelhana se você me ama me ama me ama, me diz
castelhana se você me ama me ama me ama, agente pode ser feliz
castelhana se você me ama me ama me ama, me diz
castelhana se você me ama me ama me ama, agente pode ser feliz
Hoje me vou pra fronteira
pôs queira ou não queira vou ver meu amor
esperei toda a semana pra ver a castelhana minha linda flor
ta frio na minha cidade
a bem na verdade está frio de mais
ao sul do meu coração
quero tempo bom só você me traz
ao sul do meu coração só você me traz
quero tempo bom só você me traz
larga tudo e vem comigo
vamo encarar o perigo
larga tudo e vem comigo
vamo encarar o perigo
castelhana se você me ama me ama me ama, me diz
castelhana se você me ama me ama me ama, agente pode ser feliz
castelhana se você me ama me ama me ama, me diz
castelhana se você me ama me ama me ama, agente pode ser feliz
rock de galpão - cevando o amargo
Amigo boleia a perna
puxe o banco e vai sentando
encoste a palha na orelha
e o criolo vá ficando
enquanto a chaleia xia o amargo eu vou cevando
foi bom você ter chegado
eu tinha que lhe falar
um gaucho apaixonado
precisa desabafar
xinoca fugiu de casa
com meu amigo joão
nem diz que mulher tem asa na ponta do coração
nem diz que mulher tem asa na ponta do coração
Amigo boleia a perna
puxe o banco e vai sentando
encoste a palha na orelha
e o criolo vá ficando
enquanto a chaleira xia o amargo eu vou cevando
enquanto a chaleira xia o amargo eu vou cevando
foi bom você ter chegado
eu tinha que lhe falar
um gaucho apaixonado
precisa desabafar
xinoca fugiu de casa
com meu amigo joão
nem diz que mulher tem asa na ponta do coração
nem diz que mulher tem asa na ponta do coração
rock de galpão - eu sou do sul
Eu sou do sul
é só olhar pra ver que eu sou do sul
a minha terra tem o céu azul
é só olhar e ver (2x)
nascido entre a poesia e o arado
agente lida com o gado e cuida da plantação
a minha gente que veio da guerra
cuida dessa terra como quem cuida do coração
Eu sou do sul
é só olhar pra ver que eu sou do sul
a minha terra tem o céu azul
é só olhar e ver (2x)
você que não conhece o meu estado
ta convidado a ser feliz neste lugar
a serra te da vinho
o litoral te da o carinho
e o guaíba te da o por-do-sol lá na capital
Eu sou do sul
é só olhar pra ver que eu sou do sul
a minha terra tem o céu azul
é só olhar e ver (2x)
na frontera dos hermanos
é prenda, cavalo e canhã
viver lá na campanha é bom demais
e o santo missioneiro te acompanha e companheiro
se puder beber a alma do rio uruguai
Eu sou do sul
é só olhar pra ver que eu sou do sul
a minha terra tem o céu azul
é só olhar e ver (2x)
rock de galpão - haragana
Meu cigarro de palha
Joguei com meu laço no fundo do poço
Prometi a São Pedro
Não jogar a sorte no jogo do osso
Me desfiz do lombilho
Vendí o tordilho ainda meio bagual
Pra buscar a morena
Que tinha ido embora pra capital
Ah morena, moreninha
Morena má, haragana
Volta comigo morena
Deixa essa vida cigana
Ah morena, moreninha
Morena má, haragana
Volta comigo morena
Deixa essa vida cigana
Cigana!
Bem dizia o compadre
A felicidade é que nem passarinho
Mal reponta a invernada
Ela foge apressada, abandona o ninho
Pra matar a saudade
Que entrou no meu peito e me pealou
Fui buscar a morena
Que jurou voltar e ainda não voltou.
rock de galpão - semeadura
Nós vamos prosseguir companheiro, medo não há
No rumo certo da estrada, unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro, o campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito feito pra amar
Americana Pátria, morena
Quero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar
Nós vamos semear, companheiro, no coração
Manhãs e frutos e sonhos prum dia acabar com essa escuridão
Nós vamos preparar, companheiro, sem ilusão
Um novo tempo, em que a paz e a fartura brotem das mãos
Americana Pátria, morena
Quero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar
rock de galpão - vento negro
Onde a terra começar
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento Negro eu sou
Quem me ouve vai contar
quero lutas guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão
Com a vida, o tempo
a trilha o sol
O vento forte se erguerá arrastando
o que houver no chão
Vento negro campo afora
Vai correr quem vai embora tem que saber
É viração
Nos montes vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto eu sei há de se ouvir
Em todo o meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei
rock de galpão - hino rio grandense
Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o vinte de Setembro
O precursor da liberdade
Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo
Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
rock de galpão - entardecer
Um matiz caboclo
Pinta o céu de vinho
Pra morar sozinho
Todo o pago é pouco
Todo o céu se agita
O horizonte é louco
Num matiz caboclo
De perder de vista
Amada
Amada
Por viver sozinho
Não me apego a nada
O minuano rincha
Nas estradas rubras
Repontando as nuvens
Pelo céu arriba
O Sol poente arde
Em sobrelombo à crista
Quando Deus artista
Vem pintar a tarde
Amada
Amada
Por viver sozinho
Não me apego a nada
Um matiz de chumbo
Predomina agora
Vem chegando a hora
De encontrar meu rumo
Ao seu olhar lobuno
Mais além do poente
Onde vive ausente
Meu sonhar reiúno
Amada
Amada
Por viver sozinho
Não me apego a nada
rock de galpão - merceditas
Que dulce encanto tienen
Tus recuerdos mercedita
Aromada, florecida
Amor mio de una vez
La conocí en el campo
Allá muy lejos una tarde
Donde crecen los trigales
Provincia de Santa Fe
Y así nació nuestro querer
Con ilusión, con mucha fe
Pero no se porque la flor
Se marchitó y muriendo fue
Y amándola con loco amor
Así llegue a comprender
Lo que es querer, lo que es sufrir
Porque le di mi corazón
Como una queja errante
En la campina va flotando
El eco vago de mi canto
Recordando aquel amor
Pero a pesar del tiempo
Transcurrido es mercedita
La leyenda que hoy palpita
En mi nostálgica canción
Y así nació nuestro querer
Con ilusión, con mucha fe
Pero no se porque la flor
Se marchitó y muriendo fue
Y amándola con loco amor
Así llegue a comprender
Lo que es querer, lo que es sufrir
Porque le di mi corazón
rock de galpão - recuerdos da 28
De vez em quando quando boto a mão nos cobre
Não existe china pobre, nem garçom de cara feia
Eu sou de longe, onde chove e não goteia
Não tenho medo de potro, nem macho que compadreia
Boleio a perna e vou direto pro retoço
Quanto mais quente o alvoroço, muito mais me sinto afoito
E o chinaredo, que de muito me conhece
Sabe que pedindo desce, meu facão na "28"
Remancheio num boteco ali nos trilhos
Enquanto no bebedouro mato a sede do tordilho
Ouço mugindo o barulho da cordeona
E a velha porca rabona, retoçando no salão
Quem nunca falta é um índio curto e grosso
De apelido Pescoço, da rabona o querendão
Entro na sala no meio da confusão
Fico meio atarantado que nem cusco em procissão
Quase sempre chego assim meio com sede
Quebro o meu chapéu na testa de beijar santo em parede
E num relance se eu não vejo alguém de farda eu grito
Me serve um liso daquela que mata o guarda!
E num relance se eu não vejo alguém de farda eu grito
Me serve um liso daquela que mata o guarda!)
Guardo o trabuco empanturrado de bala
Meu facão, chapéu e pala e com licença, vou dançar
Nestes fandangos, levo a guaiaca recheada
Danço com a melhor china, que me importa de pagar!
O meu cavalo, deixo atado no palanque
Só não quero que ele manque quando terminar a farra
A milicada sempre vem fora de hora
Mas eu saio porta afora, só quero ver quem me agarra
Desde piazito, a polícia não espero
Se estoura a reboldosa, me tapo de quero-quero
Desde piazito, a polícia não espero
Se estoura a reboldosa me tapo de quero-quero