MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
josé mendes - as coisas do meu rincão
Abandonei a querência, contrariei meu coração
Por andar muito cansado da vida que leva um peão
Trabalhava noite e dia, me pagavam quase nada
Arriscava a minha vida laçando boi na invernada
Cá na cidade vivo de recordação
Quase morro de saudade das coisas do meu rincão
Peguei meu cavalo zaino, companheiro de jornada
Presenteei para uma prenda que era minha namorada
Fiz a gaúcha chorar, quando eu lhe disse assim
Cuide bem do meu cavalo e nunca te esqueças de mim
Tem certas coisas que machucam o coração
Lembro o meu cavalo zaino e das coisas do meu rincão
Diz que até os passarinhos não se escutam mais cantar
Depois que eu vim me embora, voaram pra outro lugar
Lembro das brigas de touros, do brazino e do zebu
Das noites de lua cheia e das caçadas de tatu
O meu cachorro latindo lá no capão
Lembro a minha prenda linda e das coisas do meu rincão
Coitado de um pobre peão, estranha barbaridade
Saindo lá da campanha pra morar cá na cidade
É uma vida diferente, não tem nem comparação
Quando lembro as suas coisas machuca seu coração
Ando sofrendo, pois tenho muita razão
Estava muito acostumado com as coisas do meu rincão
josé mendes - canto da siriema
Rasqueado
Seriema do Rio Grande teu cantar enduetado
Deixa roxo de saudade esse peito apaixonado
Canta, canta, seriema nas campinas verdejantes
Teu cantar me traz saudade, meu amor de bem distante!
Seriema canta,
Seriema canta, seriema canta pra alegrar meu coração
Que o peito desse gaúcho arrebenta de paixão.
Cavalgando campo a fora escutando meu cantar
Dou-lhes rédeas no meu pingo muito triste a soluçar.
Teu cantar me traz saudade de uma prenda que eu adoro
Relembrando um velho amor de tristeza quase choro!
Seriema canta,
Seriema canta, seriema canta eu quero ouvir o teu cantar -
Lamenta e a minha saudade e as mágoas que é meu penar
josé mendes - cantando ao luar
Valsa
A noites está tão linda, estou cantando ao luar
Acorda minha querida, e venha a janela me escutar
Nesta noite silenciosa só se ouve o meu violão
Estou tão sozinho cantando
O que estou sentindo no meu coração.
Como é linda a natureza, venha ver linda donzela
Eu quero ver teu rosto lindo sorrindo lá na janela
Somente por te amar e que vivo sofrendo assim
Não tenho palavras querida,
Pra expressar o amor que eu sinto por ti.
A lua ilumina a terra, as estrelas brilham no céu,
Estou sofrendo querida, vagando de déu em déu
Te ofereço esta serenata por uma recordação
O som desta valsa que canto
Vai ficar gravada no teu coração.
josé mendes - balada da solidão
Balada
A onde eu for comigo ira minha tristeza
A onde eu for irá também esta certeza
De que para sempre viverei na solidão...
Na solidão... na solidão.
O dia nasce, o sol de vai, estou sozinho
A noite desce, e não há luz no meu caminho
E ternamente eu vou seguir na solidão...
Na solidão... na solidão.
Sinto no ar a brisa leve que beija a crista destas colinas
Sinto em mim a imensidão da solidão destas Campinas
Por isso eu sei e para sempre a onde eu for comigo ira
A solidão... a solidão... a solidão.
josé mendes - última lembrança
Eu hei de amar-te sempre, sempre além da vida
Eu hei de amar-te muito além do nosso adeus
Eu hei de amar-te com a esperança já extinguida
De que meus lábios possam ter os lábios teus
Quando eu morrer permita Deus que nesta hora
Ouças ao longe o cantar da cotovia
Será minh'alma que num canto triste chora
E nessa mágoa o teu nome pronuncia
(Eu viverei eternamente nos cantares
Dos pobres loucos que dos versos fazem o ninho
Eu viverei para a glória dos pesares
Aonde quase sucumbi nos teus carinhos)
Int.
Eu viverei no violão que a noite tomba
Ante a janela da silente madrugada
Eu viverei como uma sombra em tua sombra
Como poesia em teu caminho derramada
Nem mesmo o tempo apagará nossos amores
Que floresceram de uma ilusão febril e mansa
Quando eu morrer eu viverei nas tuas cores
Mas te levando em minha última lembrança
josé mendes - carancho
-Cada vez que floreio está marca
me lembro de um fandango lá no pinhão da serra
na costa do rio Pelotas
eu era um peão de estância
e não sei porque motivo que às vezes não me convidavam
pra esses bailes, mas como esse era um fandango muito afamado
resolvi ir de carancho sem ser convidado
era num sábado quando sol já ia se escondendo
montei no meu zaino e na marcha troteada
cortei umas três léguas e meia mais ou menos
quando cheguei assim numa canhada
escutei lá embaixo de uma ramada
uma acordeona que tocava mais ou menos assim.
-Cheguei na frente do rancho
pus meu cavalo na soga
paguei a entrada e entrei
E fui direto nas bandas dos tocadores
E o fandango estava fervendo no balanço do vaneirão
Assim deste jeito:
-Quando o gaiteiro me viu gritou de lá:
-â??Pegue a gaita Zé Mendes me da uma canja
toca um pouco que eu preciso dançar com uma prenda
que faz horas que está me namorandoâ?
Puxei minha oito baixos e sapequei uma vaneira
Mais ou menos assim:
E já resolvi cantar uns versos, e soltei:
Eu vim aqui sem ninguém convidar
Mas também sei tocar, sei cantar
Por gostar muito de baile de rancho
Eu vim de carancho eu vim de carancho
Eu vim aqui sem ninguém convidar
Mas também sei tocar, sei cantar
Por gostar muito de baile de rancho
Eu vim de carancho eu vim de carancho
-O gaiteiro se sumiu na sala
passou da meia noite me deu uma fome danada
e já cantei uns versos pro cacheio
Eu vim aqui não foi só para sofrer
Eu quero comer eu quero comer
Eu vim aqui não foi só para sofrer
Eu quero comer eu quero comer
-Ai o garçom me trouxer uma bandeja
com pasteis mas começou a ressecar a goela
e eu já disse mais uns versos para o garçom:
Eu vim aqui não foi só para comer
Eu quero beber eu quero beber
Eu vim aqui não foi só para comer
Eu quero beber eu quero beber
-Aí me trouxeram uma gasosa
tomei e nisto chegou uma garota
dessas modernas com uma minissaia
muito bonita que me perguntou:
â??-Escuta aqui ó gaiteirovai tocar só isso?
não toca nada do Roberto Carlos?â?
-E eu que não sou muito assustado respondi:
-Toco senhorita pode aguardar que já sai e soltei:
-De repente no fandango surge um cara
de cabelos curtindo uma onda de hippie
chegou e me disse:
â??-Escuta aqui o bicho corta essa entra
na minha e larga um som diferenteâ?
E eu respondi pra ele:
-Qual que tu que o cara?
â??-Entra numa de beatlesâ?
-Hã bitles, já sai!
e soltei de novo:
-Daí eu já estava cansado
e o gaiteiro não aparecia
resolvi cantar uns versos para ele:
Eu vim aqui não foi só para tocar
Eu quero dançar, eu quero dançar
Eu vim aqui não foi só para tocar
Eu quero dançar, eu quero dançar
-E o gaiteiro escutou os versos
largou par e veio e pegou sua
acordeona e largou quase a mesma:
-E eu convidei a moça mais linda da sala
que estava de saia encarnada e sai marcando vaneirão
e aproveitando embalo cantei um verso no ouvido da prenda:
Eu vim aqui mas não foi só para dançar
Eu quero apertar, eu quero apertar
Eu vim aqui mas não foi só para dançar
Eu quero apertar, eu quero apertar
-E a moça me respondeu no pé da letra
Tu veio aqui mas não pode apertar
Tu vai apanhar, tu vai apanhar
Tu veio aqui mas não pode apertar
Tu vai apanhar, tu vai apanhar
-E quando olhei assim para um lado
estava o velho pai da moça com
uma cara enferuscada que já cantou
uns versos para mim:
Tu veio aqui mas tu é muito feio
Não me facilite que eu te passo o reio
Tu veio aqui mas tu é muito feio
Não me facilite que eu te passo o reio
-E para não apanhar nesse baile
tive que cantar uns versos para o velho:
Eu vim aqui mas não cheguei agora
Se for desse jeito então vou me embora
Eu vim aqui mas não cheguei agora
Se for desse jeito então vou me embora
E o fandango terminou na hora
Montei no meu zaino e saí porta afora
E o fandango terminou na hora
Montei no meu zaino e saí porta afora
josé mendes - andarengo
Canção
Andei, andei, andei, andei por este mundo andei
No trono do meu cavalo me sinto maior que um rei
Andei, andei, andei, andei por este mundo andei
Viver as coisas do mundo, procurar quem eu não sei
Só vi o mundo mudando, quem sabe eu mudarei.
Pedi licença a meu pai, minha mãe deixei chorando
Prometi voltar de pressas, só agora estou chegando
Minha espora são asas , alguém ficou me esperando
Na hora da despedida eu me fui devagarinho
Pra voltar voltei de pressa fiz de cor o meu caminho
Quem apaga o próprio rastro acaba sempre sozinho.
Me fui no meio da noite sem mais poncho que o luar
Mas volto com a alvorada no hora do sol raiar
Entre a partida e a chagada tanta coisa pra mudar
Aprendi uma lição, o mundo é meu professor
A dor ensina gemer, na estrada chorei de dor
Deixei de ser andarengo e agora sou cantador.
josé mendes - prece
Chamamé
A ti, meu velho querido de joelhos no chão ofereço
Este rústico adereço, trançado de couro cru -
E esta prece xirú que rezo trançando o dedo
Já que não guardo segredo pra um amigo que nem tu.
Te foste como outros foram para o velho pago do além
Onde um dia eu também , eu quero bolear a perna -
E patrão que nos governa que por certo é teu amigo
Há de ser bueno comigo, ai na querência eterna.
Já que não fui nem a sombra do que foste velho santo
Uma coisa eu te garanto sempre me orgulhei de ti -
Pois contigo eu aprendi o que é honra e coração,
E esta xucra tradição, pelo pago onde eu nasci.
josé mendes - baile de campanha
Xote
Num baile de campanha não falta animação
Chora uma gaita velha e geme um violão
E nesses bailes que se ajunta peonada
Pois desse jeito que se arranja casamento
Se a moça é linda e estiver apaixonada
Só falta os velhos darem o consentimento.
Joga o laço do amor, fio de ouro na ponta
E os olhos da morena já correm por minha conta.
E nunca falta um trovador pra dizer versos
Cantar as queixas do amor e do querer bem
Entre os pares que rodeiam lá estão
Agarradinhos vovó e vovô também.
Joga o laço do amor, fio de ouro na ponta
E os olhos da morena já correm por minha conta.
E quando rompe madrugada se pressente
O fim da baile é começo de saudade ?
Porem não há nada de ser, oh, minha gente
Tudo que é bom, dura bem pouco é uma verdade.
Joga o laço do amor, fio de ouro na ponta
E os olhos da morena já correm por minha conta.
josé mendes - ciganinha
Vanerão
Encilhei o meu cavalo pra fronteira fui viajando
No varar de uma picada tinha gente se acampando
No varar de uma picada tinha gente se acampando
Pensei que eram os engenheiros que os campos andavam cortando.
Pensei que eram os engenheiros que os campos andavam cortando.
Era um bando de cigano que ali estavam acampando.
Era um bando de cigano que ali estavam acampando.
Dei de rédea no cavalo e para lê eu fui me chegando.
Dei de rédea no cavalo e para lê eu fui me chegando.
Para ver a minha sorte que eles andavam tirando.
Para ver a minha sorte que eles andavam tirando.
Já vi uma ciganinha que estava me namorando.
Já vi uma ciganinha que estava me namorando.
Meu coração tafoneiro já ficou se balançando.
Meu coração tafoneiro já ficou se balançando.
Por que viu naqueles olhos quem eu andava procurando.
Por que viu naqueles olhos quem eu andava procurando.
Lendo a minha mão me disse tua sorte é morrer cantando.
Se a minha corte for essa outra não quero encontrar
Faço o trem correr na linha e o telefone falar
Faço o trem correr na linha e o telefone falar
Faço os moços ficarem velhos e faço os velho remoçar
Faço os moços ficarem velhos e faço os velho remoçar
Lembrando da ciganinha a gaita vamos parar.
josé mendes - minha biografia
Eu vou contar da onde é que eu sou crioulo
Pra quem não sabe qual a minha biografia
Nasci nos pagos lá de Lagoa Vermelha
Eu fui criado nas terras de Vacaria
Sou conhecido por esse Brasil afora
Sendo preciso não tem noite, não tem dia
Sou um gaudério criado em todo rigor
E tenho orgulho de ter nascido neste chão
A evolução modificou minha querência
Muitas cidades tiveram emancipação
Nasci na serra na costa do rio Pelotas
São José do Ouro, Machadinho, Barracão
Sou peão de estância cantador lá de Esmeralda
Fiz estes versos pra minha querência amada
Lembro a primeira serenata que cantei
Lembro meu laço meu machado e minha enxada
Pulei fogueira nas festas de São João
Terra bendita não te esqueço nem por nada
Graças a Deus nasci com este privilégio
De ser artista e levar a vida cantando
Fazendo verso levantei do pó da terra
Meus velhos pais e meus irmãos estou lembrando
À meus amigos vacarianos meu abraço
E para os outros meu pala branco abanando
josé mendes - pedras no caminho
José Mendes e Cláudio Paraíba
Rasqueado
Tire todas as pedras do seu caminho
Para você passar, lhe dei amor, lhe dei carinho;
Agora que você chegou a onde queria chegar,
Me desprezou, me amargurou, me fez chorar.
Agora que você tem fama, tem tudo que você queria
Me sinto feliz a esperar por este dia
Embora me pagaste o bem que eu lhe fiz, com ingratidão
Vai meu benzinho há muito tempo lhe dei perdão.
josé mendes - adeus pampa querido
Tango
Adeus pampa querido,
Adeus me vou pra terras estranhas
Adeus caminhos que percorri,
Rios montes e canhadas, terra onde eu nasci.
Se eu não voltar a ver-te,
Terra querida quero que saiba
Que ao ir deixo minha vida adeus,
Deixo a minha vida e me vou.
Ao te deixar pampa querido levo ainda ma lembrança
Todo o verde de teus campos o cintilar das tuas estrelas
E o cantar de teus ventos e o soluço dos trigais
Que me alegraram as vezes e outras me fizeram chorar.
Adeus querência amada,
Adeus caminhos da esperança, adeus planícies que cavalguei
Coxilhas, campos e banhados, lugares onde eu sonhei
Quero voltar a teu solo quando pressentires que eu te esqueci
Adeus pampa querido adeus nunca mais te deixarei.
josé mendes - baile de rancho
Quando chego num baile de rancho
Que a cordeona começa a se abrir
Vou mirando pra porta do quarto
Aonde as muchachas costumam sair
Vejo fitas e tranças compridas
Perfumadas de manjericão
Brilhantina e cheiro de extrato
Que o velho mascate vendeu no rincão
O gaiteiro levanta a cordeona
Que se espicha se encolhe e se dobra
No carteio do baile de rancho
A mais feia da sala é que sempre me sobra
Tiro a poeira da sola da bota
No compasso desse vaneirão
E na voz de fumo e se vamos
Parece que entramos pra dentro do chão
josé mendes - berço saudoso
Balanço
Nossa Senhora dos Navegantes
Protetoras dos navegadores
Cubra com seu manto divino
Todos nossos pescadores ?
Que se afastam dos seus lares,
Para longe, bem longe pescar
O barco é o berço saudoso
Adormece no embalo das ondas do mar.
Com chuva frio ou calor
Joga a rede no mar pescador.
Pescador dos mares bravios,
Das correntezas dos rios que sonham também
O barco é um pedaço de chão
Longe do torrão onde fica o seu bem
As vezes contemplando o infinito
Por que é tão bonito em noite de luar
O barco é o berço saudoso
Adormece no embalo das ondas do mar.
Com chuva frio ou calor
Joga a rede no mar pescador.
Cds josé mendes á Venda