MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
joão pacífico - estrada da vida
A vida da gente é um estrada comprida
Tão cheia de curvas, bem como se vê
Tantos sacrifícios, pra tanta subida
Depois lá de riba precisa descer.
Se sobe, se desce por muitas estradas .
Se vê pela frente o que tem que passar
E de vez em quando uma encruzilhada
Atravessa a estrada pra gente penar. .
A estrada da vida que eu tenho é penosa
Eu nela caminho pro fim encontrar
Eu levo amargura de forme enganosa
Caminho cantando só pra não chorar.
Algum vai sorrindo e outros cantando
Deus fez esta estrada pra gente passar
E nela até hoje eu vou caminhando
Até quando a morte venha me buscar.
joão pacífico - chico mulato
Na volta daquela estrada
Bem em frente uma encruzilhada
Todo ano a gente via
Lá no meio do terreiro
A imagem do padroeiro
São João da Freguesia
Do lado tinha a fogueira
Em redor a noite inteira
Tinha caboclo violeiro
E uma tal de Terezinha
Cabocla bem bonitinha
Sambava nesse terreiro
Era noite de São João
Estava tudo no serão
Estava Romão, o cantador
Quando foi de madrugada
Saiu com Tereza pra estrada
Talvez, confessar seu amor
Chico Mulato era o festeiro
Caboclo bom, violeiro
Sentiu frio seu coração
Rancou da cinta o punhal
E foi os dois encontrar
Era o rival, seu irmão
Hoje na volta da estrada
Em frente àquela encruzilhada
Ficou tão triste o sertão
Por causa de Terezinha
Essa tal de caboclinha
Nunca mais teve São João
Tapera de beira da estrada
Que vive assim descoberta
Por dentro não tem mais nada
Por isso ficou deserta
Morava Chico Mulato
O maió dos cantadô
Mas quando Chico foi embora
Na vila ninguém sambou
Morava Chico Mulato
O maió dos cantadô
A causa dessa tristeza
Sabida em todo lugar
Foi a cabocla Tereza
Com outro ela foi morar
E o Chico, acabrunhado
Largou então de cantar
Viva triste e calado
Querendo só se matar
E o Chico, acabrunhado
Largou então de cantar
joão pacífico - amor e ciência
Meu amigo: Só falo um idioma,
sequer eu tenho diplomas,
jamais fui colegial.
Não invejo cientistas com estudo
profundo,
querendo inventar novo mundo,
um mundo artificial.
Não invejo engenheiros e arquitetos
fazendo tanto projetos,
mais que fez o criador.
Quero ver toda essa sumidade
inventar outra felicidade,
igual a minha estória de amor.
Meu amor! Tão fácil foi de inventar,
Com um sorriso, um olhar
Tenho o meu mundo feliz
Sem diplomas construí modesto ninho,
cientista fui de carinhos
tudo pra ela eu fiz.
E você, falando cinco idiomas
Tem nas paredes diplomas,
és bacharel, és doutor!
Não condeno, mas vou dizer
com franqueza,
Que vale tanta nobreza.
E um coração sem amor?
joão pacífico - cabocla tereza
Lá no alto da montanha
Numa casa bem estranha
Toda feita de sapé
Parei uma noite o cavalo
Pra mordi de dois estalos
Que ouvi lá dentro batê
Apeei com muito jeito
Ouvi um gemido perfeito
E uma voz cheia de dô:
"vancê, tereza, descansa
Jurei de fazer vingança
Pra mordi de nosso amor"
Pela réstia da janela
Por uma luzinha amarela
De um lampião apagando
Eu vi uma caboca no chão
E o cabra tina na mão
Uma arma alumiando
Virei meu cavalo a galope
E risque de espora e chicote
Sangrei a anca do tar
Desci a montanha abaixo
Galopendo meu macho
O seu dotô fui chamar
Vortemo lá pra montanha
Naquela casinha estranha
Eu e mais seu dotô
Topemo um cabra assustado
Que chamando nóis prum lado
A sua história contou:
Há tempos eu fiz um ranchinho
Pra minha cabocla morar
Pois era ali nosso ninho
Bem longe desse lugar
No alto lá da montanha
Perto da luz do luar
Vivi um ano feliz
Sem nunca isso esperar
E muito tempo passou
Pensando em ser tão feliz
Mas a tereza, dotô
Felicidade não quis
Os meus sonhos nesse olhar
Paguei caro meu amor
Por mordi de outro caboclo
Meu rancho ela abandonou
Senti meu sangue ferver
Jurei a tereza matar
O meu alazão arriei
E ela fui procurar
Agora já me vinguei
É esse o fim de um amor
Essa cabocla eu matei
É a minha história dotô
joão pacífico - cinquentenário da viola
Minha viola hoje com cinqüentenário
Vou falar com o seu vigário, vou pedir opinião
Que ele permite eu levarei em sua igreja
Esta viola sertaneja pra fazer a louvação
Se permitir, vou enfeitar toda de fita
Afinada e bem bonita, quero Deus agradecer
Por que foi Ele que encontrou-me no caminho
Deu-me a viola e um ranchinho e tanta coisa pra escrever
Ele mostrou-me este Brasil tão grande e amado
Deu-me um céu todo bordado pra cobrir o meu sertão
E não me esqueço de cantar a natureza
De mostrar essa grandeza que guardei no coração
Esta viola hoje cinqüenta janeiros
E milhões de brasileiros assistiram ela tocar
Por isso peço, seu vigário, por esmola
Deixe que minha viola toque em frente o seu altar
joão pacífico - doce de coco
Vem meu amor...
Oh, meu doce de coco adoçado
A minha boca vem me amar, me querer, me beijar.
Se os teus lábios quisessem, matar meu desejo louco
Como eu seria feliz oh, meu doce de coco!
Sei que você não compreende ou não quer compreender
Quanto é, tão amargo viver sem você
Meu coração, vive ah
Reclamando onde está meu docinho?
Onde está? Vivo a lha procurar!
Olha é pecado negar o desejo,
Pois um beijo não faz mal,
ao contrario é uma prova de amor.
Um beijo faz começar o romance é uma chance
Ele é tudo que pode acalmar
A vontade que eu tenhu de ter só você
Para não me deixar na amargura
Que eu vivo, é preciso lenitivo
E somente assim poderei ser feliz
Vem meu amor, meu grande amor
Matar meu desejo louco
Adoce-me a boca, me beije
Meu doce de coco!
joão pacífico - homenagem na montanha
Deus me deu esse direito
De trazer no peito a viola pra cantar
Meu senhor dono da casa
Dá licença, quero entrar
Deus me deu esse direito
De trazer no peito a viola pra cantar
Queremos tomar café
Com bolinhos de fubá
Deus me deu esse direito
De trazer no peito a viola pra cantar
Nesse alto da montanha
Perto da luz desse luar
Deus me deu esse direito
De trazer no peito a viola pra cantar
Agora vamos simbora
Nós havemos de voltar
Deus me deu esse direito
De trazer no peito a viola pra cantar
joão pacífico - mancha de vinho
(Era costume todo ano na fazenda
Naquela simples vivenda de alegria sem igual
Eu bem criança mas ainda hoje lembro
Vinte e quatro de dezembro numa ceia de Natal
Aquela mesa tão forrada de fartura
Feita com tanta ternura por quem não existe mais
Ficou na sala descoberta e tão vazia
Vive a mesma nostalgia com a ausência de meus pais
E toda história sempre um desfecho existe
Um alegre e outro triste, cada qual tem seu destino
O meu Natal não foi de felicidade
Meu presente é uma saudade que guardo desde menino
Ainda hoje na cômoda tosca da fazenda
Num canto solitário vivenda vou beijar o meu primeiro presente de Natal
Um presente que recebi de meu paizinho
A camisa que ele deixou manchada de vinho
Na véspera do seu triste funeral)
joão pacífico - minha rua
Na minha rua tão humilde e tão discreta
Meu vizinho era poeta e um outro era cantor
Na mesma rua no outro lado da calçada
Vive uma namorada que foi meu primeiro amor
A minha rua não era iluminada
Simplesmente ornamentada por um simples lampião
Porque morava sobre o nosso telhado
Um luar tão prateado igual aquele do sertão
Agora iluminaram minha rua
Mandaram embora a lua, alargaram-na também
A pobre não tem mais a singeleza
Não bastava essa tristeza, me deixaram sem ninguém
Sozinho sem minha rua discreta
Sem o vizinho poeta, sem luar, sem o cantor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Agora iluminaram minha rua
Mandaram embora a lua, alargaram-na também
A pobre não tem mais a singeleza
Não bastava essa tristeza, me deixaram sem ninguém
Sozinho sem minha rua discreta
Sem o vizinho poeta, sem luar, sem o cantor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
Que vale a grandeza da avenida
Se perdi tudo na vida e o meu primeiro amor
joão pacífico - mourão da porteira
Lá no mourão esquerdo da porteira
Onde encontrei vancê pra despedir
Tem uma lembrança minha, derradeira
É um versinho que eu lhe escrevi
Vancê, eu sei, passa esbarrando nele
E a porteira bate pra avisar
Vancê não sabe que sinal é aquele
E nem sequer se alembra de olhar
E aqui tão longe eu pego na viola
Aquele verso começo a cantar
Uma saudade é dor que não consola
Quanto mais dói
A gente quer lembrar
No dia que doer seu coração
De uma "sodade" que eu tanto senti
Vancê, chorando, passa no mourão
E lê o verso que eu nele escrevi
joão pacífico - no banquinho
Ontem eu da roça regressei
No banquinho me sentei
E fiquei pra descansar
Fiz um cigarro de palha
Comecei a pensar na vida
Pra depois ir me deitar
Quando entre os galhos
Lá da mata
E o lençol bordado em prata
Pela roça se estender
E com o cigarro feito
E a viola junto ao peito
Me esqueci de adormecer
Fiquei olhando a roça iluminada
A lagoa prateada
E a viola a me entreter
A noite foi uma tranqüilidade
Nem tristeza nem saudade
Vieram me aborrecer
joão pacífico - no fim da estrada
Subo serra, desço serra,
vejo terra vejo céu
vejo mato, só não vejo o fim da estrada
vem janeiro,vai janeiro
o ano inteiro a caminhar
só gritando e lhe dando com boiada
agora vou,
quero encontrar o fim da estrada
pra vender minha boiada, e quardar meu dinheirinho
pedir a deus o meu cantinho sossegado
juro que estou cansado
de viver assim sozinho
ter minha, meu amor, e meu filhinho
o mundo é grande e terá outro caminho
ter minha casa, meu amor e meu filhinho
o mundo é grande e terá outro caminho
QUE VALE A VIDA SEM UM POUCO DE CARINHO
joão pacífico - pingo d água
Eu fiz promessa
Pra que Deus mandasse chuva
Pra crescer a minha roça
E vingar a criação
Pois veio a seca
E matou meu cafezal
Matou todo o meu arroz
E secou meu argodão
Nesta colheita
Meu carro ficou parado
Minha boiada carreira
Quase morre sem pastar
Eu fiz promessa
Que o primeiro pingo d'água
Eu moiava a frô da santa
Que tava em frente do altar
Eu esperei
Uma sumana
Um mês inteiro
A roça tava tão seca
Dava pena a gente ver
Oiava o céu
Cada nuvem que passava
Eu da santa me alembrava
Pra promessa não esquecer
Em pouco tempo
A roça ficou viçosa
A criação já pastava
Floresceu meu cafezal
Fui na capela
E levei três pingo d'água
Um foi o pingo da chuva
Dois caiu do meu oiá
joão pacífico - tres nascentes
Tenho o sol que nasce
Por detrás do morro
Dá bom dia ao galo
Primeiro a despertar
O sol aquece o pasto
O sereno corta
Abro a minha porta
E vou trabalhar
Tenho uma nascente
Que vem lá da serra
Toca meu moinho
Toca meu monjolo
Enche a lagoa
Pra molhar a horta
Sento em minha porta
Vejo florescer
Tenho a lua branca
Nasce com as estrelas
Ilumina a mata
Borda todo o céu
Nasce o som da viola
Tudo me conforta
Fecho a minha porta
E sonho com voce.
joão pacífico - uma velha carta
São Paulo, vinte e seis de março
Mil novecentos e setenta e seis
Seu Osvaldo Borges o meu abraço
E saúde a todos vocês
Lembranças a Dona Melita
Que Deus esteja sempre aí presente
Nessa mansão que acho tão bonita
E assim tão simples recebendo a gente
Sou sertanejo, gosto do sertão
Por isso mando esta feliz cartinha
Para contar a minha inspiração
Que tive aí fazendo a Cachoeirinha
Fiquei contente vendo tudo verde
Tal o oceano que não tem mais fim
Nascentes para amenizar a sede
Pois tenho sede de lugar assim
Escrevo sobre o folclore
De pecuária gosto de saber
A raça mocho de nelore
Palavra veio me surpreender
Riquezas tem aí guardada
Deus abençoe essa criação
Que cada vez aumente sua boiada
Fazendo rica essa região
Este Brasil crescendo disparado
Que dá de tudo nessa imensidade
Ele será ainda o rei do gado
Pra completar sua felicidade
E aqui termino a minha missiva
Que eu escrevo em forma de oração
Minha viola é que me incentiva
Muita saudade deste amigo João
Cds joão pacífico á Venda