galego aboiador - mulher ingrata e fingida
Mulher ingrata e fingida,
não ignore eu dizer,
todo mal da minha vida só vem do seu proceder
Seguistes nos meus encalços,
com sorriso e beijos falsos, me deixando alucinado.
Meu sofrimento é sem pausa,
oh mulher por tua causa vou morrer embriagado
Embriagado eu percebo que algum dos meus camaradas
me perguta porque bebo pra cair pelas calçadas,
eu ergo a cabeça e digo,
respondo pra uns amigos não bebo por vaidade
bebo pra espairecer uma mágoa a esquecer
de quem me fez falsidade.
Toda minha desventura
foi amar quem não me ama,
tô lotado de amargura, o meu coração reclama.
o que mais me diminui
é eu lembrar que já fui da alta sociedade
pra hoje eu viver sozinho
triste igual um passarinho na gaiola da saudade.
Minha família comenta porque vivo desse jeito,
minha mãe chora e lamenta,
papai vive insatisfeito,
minha mãe me reclamando
e papai me abraçando já vendo a hora eu morrer,
com o rosto banhado em prantos
me pede por todo santo pra eu deixar de beber.
Quando passa uma agonia perante meus velho pais,
faço uma garantia juro que não bebo mais,
quando vejo os namorados se beijando e agarrados,
com aquilo eu me comovo,
a saudade dela vem,
pego a lembrar de meu bem,
o jeito é beber de novo.
Minha vida é mal vivida
por causa dessa mulher,
assim vou levando a vida
até quando deus quiser,
quando vem anoitecendo ergo a cabeça dizendo,
-vento me faça um favor você que vem do além traga notícia também de quem já foi meu amor-.
Triste de quem se apaixona
como eu me apaixonei,
foi por causa dessa dona
que eu me degenerei,
quando eu estou bebendo
minha mãe chega dizendo, -vá pra casa filho amado-.
saio pela rua tombando e o povo atrás grintando
-eita homi apaixonado-
E o povo atráz gritando -eita homi apaixonado-
galego aboiador - maranhão
oitenta e um não choveu no Maranhão
oitenta e dois a crise foi de matar
oitenta e três ainda foi muito pior
os fazendeiros não puderam suportar
secou o pasto tudo desapareceu e todo gado morreu em
quase todo lugar
la na fazenda alguns poços que ficaram o gado magro
esta morrendo atolado de fome e sede é tão grande o
desepero
não tem um talo de capim no meu cercado
o jeito agora é morrer tudo de sede que o Maranhão
agora está acabado
mais Deus do céu com o seu poder sagrado vendo os
clamores da triste situação
e os pecadores aqui na terra sofrendo se condoeu e
mandou chuva pra o chão
oitena e quatro o inverno segurou e ouve muitas
riquezas no maranhão e o povo agora todo mundo está
feliz
graças a Deus nosso pai da criação.
galego aboiador - vaqueiro de fama
fui um vaqueiro de fama que corri dentro da rama
nem eu mesmo sei da soma dos touros que já peguei
mais a velhice chegou minha fama se acabou
agora pra onde vou depois de velho não sei
patrão lhe entrego a fazenda a morada e a vivenda o
armazem e a tenda não posso mais trabalhar lutar mais
não agüento não monto mais num jumento me arranje um
aposento e uma casa pra morar
disse o patrão desgraçado por mim está dispensado se
está velho e acabado va morrer em outro canto eu não
lhe dou agasalho só quis mesmo seu trabalho não quebro
mais o seu galho nem que você fosse um santo
disse o vaquero obrigado por ter assim me tratado
entrego a Jesus amado a Deus e Nossa Senhora com
magoas do seu patrão chegou no pé do mourão disse pro
seu alazão amanhã eu vou me embora
adeus cavalo granfino pecado, monza e destino parágua,
ruke e traquino maconheiro e bem te vi, adeus meu burro
marfim por causa de um patão ruim do coração de caim eu
vou embora daqui,
adeus vaca campineira, baiana e a bananeira ponta de
lança e praieira pretinha e manapulão adeus touro
javali jurua e cravangi que eu vou embora daqui com
uma dor no coração
dali partiu o vaquero sem apoio e sem dinheiro foi
para o rio de janeiro e hoje está bem velhinho,
portanto amigos vaqueiro cuidado meus companheiros
economize os cruzeiros real centavos e vintens não
pense só em farra tomar cachaça e gastar pra quando
velho ficar não ser pesado a ninguém.